sábado, 8 de março de 2014


Nessa refilmagem de ROBOCOP, o diretor brasileiro José Padilha (de Tropa de Elite) faz uma ótima releitura dos ideais do filme de 1987 para os dias atuais. Mesmo mantendo-se no esquema hollywoodiano de filmar e construir as narrativas (de apresentar os problemas sem discuti-los com muito vigor), Padilha consegue politizar a trama e, de certa forma, manter a tríade que sustentava o Tropa (especialmente sua continuação) ao abordar de que forma milícia, polícia e governo caminham juntos quando o assunto é violência social. Como aqui no Brasil, também lá a corrupção está instalada nos órgãos oficiais, e o dinheiro é a causa 'nobre' de tanto caos. Há um "quarto poder" que ronda esse esquema, o papel dos veículos de comunicação ultra-radicais (que cabe ao sempre eficiente Samuel L. Jackson), tratado com muita ironia e sarcasmo por Padilha - que me parece uma grande gozação do diretor, já que não seria estranho arriscar que parte dos norte-americanos não saberão ler nas entrelinhas e levarão a sério cada palavra dita pelo personagem (principalmente quando o assunto é endossado pela política externada 'salvadora' dos Estados Unidos perante o mundo). 

Ademais desta grande construção, o filme só falha ao lidar com suas próprias emoções de modo bastante asséptico, principalmente em sua parte inicial - pela pouca capacidade expressiva nas atuações de ator Joel Kinnaman e Abbie Cornish, responsáveis pelo núcleo sentimental da trama - criando um ponto frágil, já que a discussão humanos x robôs é o grande mote que norteia a relação milícia-polícia-governo-imprensa. Encarando de outra forma, porém, não deixa de ser uma grande homenagem ao clássico de Paul Verhoeven (quem se lembra de Peter Weller?).
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Para ver: ROBOCOP (idem, 2014, de José Padilha). Com Joel KinnamanGary OldmanMichael KeatonAbbie Cornish
Cotação: 





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