sexta-feira, 6 de junho de 2014

Sucesso de longo tempo nos palcos do teatro brasileiro, OS HOMENS SÃO DE MARTE... E É PRA LÁ QUE EU VOU aporta no cinema com o aval da Globo Filmes, mirando o público específico das comédias (especialmente o feminino). A história, tal qual sua fonte original, retrata as desavenças de uma balzaquiana quase quarentona, Fernanda, que ainda sonha com um casamento tradicional. A cada possibilidade de encontrar um pretendente, ela se joga nos braços do homem como se fosse sua última grande chance. E a partir daí, vive os mesmos ciclos: o encantamento imediato, as promessas não cumpridas de seu parceiro e a fase depressiva por conta de outro relacionamento mal sucedido. O filme é levinho, clichê e segue por um caminho tão brando e divertido que a gente mal consegue se dar conta que defende com unhas e dentes aqueles ideais que faziam parte da discussão entre as adolescentes e jovens dos anos noventa: pra se ter uma vida sentimental ajustada e dentro dos padrões socialmente aceitáveis (um casamento de véu e grinalda, filhos e visita à sogra aos domingos) existe uma fórmula (que começa com o famoso não fazer sexo no primeiro encontro). Mônica Martelli reprisa seu papel e o faz bem. Troca o monólogo dos palcos por uma narração em off e divide cena com dois pontos de apoio cômico, o melhor deles vivido pelo amigo gay interpretado por Paulo Gustavo, responsável pelas gargalhadas. A narrativa é quase episódica, costurada pela obstinação da protagonista em arrumar um marido e viver a vida tradicionalista: do político ela só ganha uma noite de sexo e se sente usada; do figurão playboy, um quase relacionamento que acaba com uma proposta de um ménage à trois (reforçando a ideia do quanto Fernanda e o filme defendem uma visão prosaica); do europeu que abandonou o luxo do continente para viver de pés descalços numa praia distante da cidade, no interior da Bahia, um relacionamento em que precisa abrir mão de sua urbanidade e ganhos materiais; para, por fim, encontrar-se nos braços de quem, à princípio, ela julga incapaz de lhe dar o que deseja, mas é com quem, finalmente, constrói uma relação saudável e cheia de fórmulas, discurso que o filme defende todo o tempo. Pra quem suporta os ideias que o filme defende ou o simples direito de assim enxergar a vida quem bem o faz, não ofende e garante boas risadas.

Para ver: OS HOMENS SÃO DE MARTE... E É PRA LÁ QUE EU VOU (idem, 2014, de Marcus Baldini). Com Mônica Martelli, Paulo Gustavo, Daniele Valente, Marcos Palmeira, Humberto Martins.
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