quinta-feira, 25 de setembro de 2014


A chegada do Outono no hemisfério norte significa que a temporada de verão do cinema dos Estados Unidos chegou ao fim. Os "filmes do Oscar" começam a tomar espaço a partir de agora entre a crítica e os cinéfilos, mas 2014 deixa um balanço que não poderia ser mais animador para os cofres dos estúdios e para o público ávido por bons filmes. Alguns dos títulos da temporada foram lembrados em posts anteriores ao longo dos últimos meses (como MALÉVOLA, X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO, A CULPA É DAS ESTRELAS e VIZINHOS). Dessa safra, três filmes receberam excelentes avaliações da crítica (estão com mais de 90% de aprovação no RottenTomatoes, um dos portais de referência na avaliação de filmes) e merecem destaque:


PLANETA DOS MACACOS: O CONFRONTO


A reciclagem do clássico de 1968, PLANETA DOS MACACOS, que não deu certo nas mãos de Tim Burton e Mark Walhberg em 2001, virou ouro nas mãos dos produtores e roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver. Nesse novo filme, que vem na esteira do sucesso PLANETA DOS MACADOS: A ORIGEM, que era uma espécie de prequel do filme original (mas sem qualquer relação aparentemente imediata com ele) o diretor Matt Reeves foi colocado atrás das câmeras e acerta o tom: entrega um grandioso e envolvente blockbuster preso a um excelente texto filosófico-social sobre o homem e suas convenções de mundo. O filme começa dez anos depois do fim de seu antecessor, mostrando que boa parte da raça humana acabou dizimada por um vírus letal, possivelmente criado pelo próprio homem em laboratório. O rosto de César surge mostrando seu rosto feroz e suas pinturas de guerra. O macaco se tornou chefe de um clã que se afastou da raça humana e reside em uma floresta próxima à cidade, cuja organização social lembra muito a dos homens. Estes, por sua vez, estão reunidos em uma cidade destroçada, cujos poucos sobreviventes se juntam para retomar as estruturas que possibilitavam sua organização – a comunicação é a primeira delas. Para isso, precisam ultrapassar as barreiras que separam homens e macacos, que coexistem em um mesmo espaço, apresentam suas próprias características, mas que reservam muito mais semelhanças que Darwin poderia supor. Reeves compõe arcos dramáticos emocionantes, variando do ódio à compaixão. Faz pensar um bocado e ainda entretém como poucos filmes fazem.


CAPITÃO AMÉRICA 2: O SOLDADO INVERNAL


O grande barato dessa continuação de CAPITÃO AMÉRICA é que agora não se perde mais tempo com explicações sobre o surgimento do herói vivido por Chris Evans, mas a ação também não as abandonam por completo – no cerne do embate do personagem, seu passado está lá. As escolham abrem espaço para um filme mais politizado: ao assumir certo posto na S.H.I.E.L.D., o capitão começa a duvidar das estratégias e segredos de Nick Fury (Samuel L. Jackson), e a investigar o surgimento de um braço militarizado dentro da agência, em boa interpretação de Robert Redford. O capitão volta a se unir à Viúva Negra (Scarlett Johansson) e ao novo membro do clã, Falcão (Anthony Mackie), para desmantelar o esquema mas não sem antes arrasar pontos turísticos da capital americana, Washington. A luta física é com o Soldado Invernal. Quem está por trás é a grande questão do filme. Os diretores Anthony e Joe Russo atraem o espectador para um longa de mais de duas horas sem cansá-lo: se as piadas e momentos cômicos são mais sutis do que o comum, o arco dramático é montado mesclando grandes sequências de ação entre outras mais textuais e reflexivas a respeitos da trama. As referências a outros personagens do universo da Marvel, inclusive ao autor Stan Lee, estão todas ali e rendem um charme a mais à produção, que supera bastante o filme de estreia do personagem, de 2011, e prepara um ótimo terreno para a continuação de OS VINGADORES, prometido para 2015.

CAPITÃO AMÉRICA 2: O SOLDADO INVERNAL já está disponível em DVD.



GUARDIÕES DA GALÁXIA


Para quem desconhecia a fonte original do filme e não sabia o que esperar de um novo exemplar de super-heróis da Marvel, o trailer de GUARDIÕES DA GALÁXIA conseguia tornar ainda mais desinteressante uma trama que reunia um humano, um guaxinim, uma árvore, um brutamontes e uma representante feminina de uma espécie qualquer de um extraterrestre esverdeado. Parecia a reunião dos párias e expatriados tentando salvar não apenas um planeta, mas todo o universo. Depois de ótimas críticas pós-estreia e o excelente boca-a-boca que o filme ganhou, vem a comprovação: um trailer tem um grande potencial de esconder um grande filme (nesse caso, de torná-lo muito específico ao seu público específico). Primeiro ponto importante: nenhum dos ‘heróis’ possui algum superpoder nato; segundo: a trama é de fácil entendimento, sem aborrecimentos extragaláticos com planos megalomaníacos que envolvem quinze gerações de dez diferentes raças que estão tentando dominar o mundo; terceiro: o diretor e co-roteirista James Gunn faz um grande trabalho na mesa de montagem, sem medo de alternar momentos de ação, aventura, romance, drama e comédia – há espaço para todos os personagens e todos os públicos, sem apelações e excessos (filme de sessão da tarde, com qualidade, como antigamente); e por fim, a presença de uma trilha sonora que é a alma do filme (que prende o espectador à simpatia do protagonista vivido por Chris Pratt e faz esquecer a vilania desinteressante do antagonista robótico Ronan).

GUARDIÕES DA GALÁXIA ainda está em cartaz nos cinemas. Confira a programação.
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