O Grande Hotel Budapeste, 2014, de Wes Anderson. Do Giphy.
domingo, 27 de julho de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
- Havia um plano e era claro! Tudo estava acertado, mas agora está...
- Degringolado?
- Yeah!
- Você não é a única. Às vezes, também não sabemos onde estamos indo... eventualmente, tudo vai se ajeitar e ficar "não-degringolado".
- E se tudo não se ajeitar?
- Bem...
- É só você... não gosto dessa pergunta.
- Viu só? E se não ganharmos feijões mágicos? E se só ganharmos... feijões?
quinta-feira, 10 de julho de 2014
A ação acontece em quatro planos
temporais distintos, inteligentemente montados, mas sem excesso de pedantismo que
implique em qualquer dificuldade ao entendimento da trama: uma jovem lê uma
obra literária sobre o hotel do título, entregando a ação ao autor do livro, que
surge em primeira pessoa para narrar o período em que esteve hospedado no local,
voltando cerca de trinta anos no tempo, com a ação apresentando o proprietário
do espaço, que numa conversa particular lhe revela a história do antigo
concierge do Hotel Budapeste, Monsieur Gustave. Wes aproveita os quatro
momentos temporais para desfilar uma galeria de interessantíssimos personagens,
vividos por habituais e novos colaboradores do diretor – Tom Wilkinson, F. Murray Abraham,
Jude Law, Tilda Swinton, Adrien Brody, Willem Dafoe, Mathieu Amalric, Saoirse Ronan, Edward
Norton, Owen Wilson, Jason Schwartzman, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Bill Murrray, Ralph Fiennes e Léa
Seydoux – que encenam seus dramas em um delicioso tom cômico que beiram a
ironia e abrem espaço para sequências inusitadas envolvendo crimes e
assassinatos, perseguições, mistério e romance (tente não se apaixonar pelas
atuações de Fiennes, Swinton e do estreante Tony Revolori).
O diretor é quase um seguidor do
postulado forma-função e
constrói um cenário sensacional para a representação desse texto. Da
espetacular arquitetura do Budapeste às paisagens da fictícia nação Zubrowska,
onde o hotel se encontra, tudo parece planejado em suas minúcias e executado
com extremo rigor, como se o diretor objetivasse tornar possível um mundo que
não existe mais (ou que talvez nunca tenha existido). Direção de arte,
fotografia, figurinos, maquiagem, movimentos de câmera e trilha sonora se
tornam uma engrenagem perfeita aos propósitos do cinema que Wes Anderson faz. E
da belíssima rigidez centralizadora de seus planos e enquadramentos surge um
dos filmes cujos aspectos plásticos se tornam pulmão da obra cinematográfica, possivelmente o melhor dos trabalhos do diretor.
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segunda-feira, 7 de julho de 2014
O primeiro semestre do ano para o cinema brasileiro emite sinais de que 2014 tem uma ótima safra de filmes para além das produções de comédia da Globo Filmes e de cunho social, que parecem lugar comum para o nosso cinema. Depois do ótimo HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO, que de mansinho e com poucas cópias fez público de quase 100 mil pessoas, outros dois grandiosos filmes chegaram aos cinemas nesse período: ENTRE NÓS, de Paulo Morelli; e O LOBO ATRÁS DA PORTA, de Fernando Coimbra, que comento rapidamente:
ENTRE NÓS
Um grupo de amigos no auge dos vinte e poucos anos se encontra para um final de semana numa casa de campo e dez anos depois voltam para relembrar os momentos do passado. Apesar de a sinopse soar como um clichê já muito explorado, o filme traz boas sensações. Ele guarda um pouco da aura dos bons seriados televisivos nacionais, que muita gente ainda vê com maus olhos, mas que é o grande apreço da obra. Passando por dois atos, nos anos 1992 e 2002, o diretor Paulo Morelli cria elementos que conectam as ações nos dois intervalos de tempo: os acontecimentos do passado são levados diretamente para o futuro e aos poucos sendo reveladas, sem pressa. O texto entre aos amigos é delicioso e os atores embarcam em atuações que, mesmo carregadas de valores dramáticos de assuntos que adentram temáticas como morte, depressão e solidão, parecem transmitir nos rostos a leveza da juventude – especialmente resgatadas no segundo ato. A câmera passeia por entre os personagens e a paisagem, estabelecendo um vínculo delicioso entre eles.
O LOBO ATRÁS DA PORTA
Avaliado pela Liga dos Blogues Cinematográficos como o melhor filme que estreou no Brasil nos seis primeiros meses deste ano, O LOBO ATRÁS DA PORTA é um espetáculo de produção, um acerto em praticamente tudo: roteiro, direção, montagem, elenco. O filme acompanha a história do trio de personagens vivido por Milhem Cortaz, Leandra Leal e Fabiula Nascimento, que se envolvem em jogo de traição e infidelidade matrimonial, em uma narrativa incrivelmente atemporal, que poderia ser transposta para qualquer lugar do mundo sem perder seu valor. O diretor e roteirista Fernando Coimbra envolve o espectador de tal forma que, mesmo parecer se distanciar do suspense em meio ao drama e a comédia das situações, o cria em um grau tenso e marcante. A câmera ávida de sedução – em diversos níveis – busca o colo e a nuca de Leandra e não se abstém de cortar testas e cabeças para mostrar um violento duelo psicológico entre ela e Milhem, na sequência mais angustiante do filme (ainda mais que a agoniante caminhada rumo ao desvendar do último acontecimento). Um filmaço imperdível.
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