MALÉVOLA é um produto Disney que cumpre quase sempre o prometido. É
divertido sem exagerar nas histrionices, com algumas boas sequencias cheias de
efeitos visuais atrativos e Angelina
Jolie se esbaldando no papel da fada malvada abusando das caras, bocas e
viradinhas de pescoço dignas de uma cantora pop alçada ao plano de “diva” (para
delírio da crescente plateia que se manifesta dentro do cinema com interjeições
e aplausos). Interessante mesmo é perceber que a grande aposta do filme é
também seu maior risco: para recontar a história do conto “A Bela Adormecida”
sob o ponto de vista da vilã, o estúdio investe no mesmo caminho do sucesso
FROZEN, que ganhou o último Oscar de animação. A antagonista da Bela (interpretada com excessos de sorrisos pela atriz Elle Fanning) passa por
uma transformação em sua personalidade, deixando-a mais próxima da condição
humana – aquela que cai em desgraça e comete maldades, mas também é cheia de
virtudes e boas intenções –, como a rainha Elsa. A ousadia que modifica a
trama do filme inevitavelmente acaba por modificar partes do conto original,
dando ao filme seu maior atrativo: romper limites, propor mudanças, ousar sobre
o que já foi dito, fugir da representação literal. É muito, muito bacana quando
um filme corre risco e foge da segurança das representações repetitivas e
banais (ainda que o público mais ortodoxo esbraveje ao final da sessão – como aconteceu
com o recente NOÉ, quando a plateia saía do cinema acusando o diretor Darren
Aronofsky de heresia por conta das mudanças promovidas na história do profeta
bíblico).
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Para ver: MALÉVOLA (Maleficent, 2014, de Robert Stromberg). Com Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley, Lesley Manville, Imelda Staunton, Juno Temple, Sam Riley.
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