No cinema
majoritariamente feminino, ouvia-se de narizes fungandos à soluços
descompassados. Quando a luz da tela deixava a sala escura melhor iluminada era
possível enxergar lágrimas e muitos lencinhos. Em cena, Shailene Woodley e Ansel
Elgort apresentavam as mazelas de suas vidas cheias de destemperanças,
diante da morte iminente, ainda na adolescência. Um casal jovem, uma doença, a
empatia entre os dois, o romance, o sofrimento, os últimos desejos, o
afastamento, a ameaça real da morte, o fato concreto. Todos os elementos estão
dispostos ali, lado a lado, para buscar na plateia o sentimento que endossa a
existência do filme: colocar-se no lugar dos personagens ou estar o mais
próximo possível disso. Afinal, a chegada da morte é a única certeza da vida: “vai
acontecer com todo mundo e qualquer um”, já dizia o poeta. E o cinema
norte-americano parece saber, como ninguém, como usar a sentimentalidade do
público e jogar a favor disso. A CULPA É
DAS ESTRELAS é o perfil de filme que busca as lágrimas, como buscava o bom
e piegas cinema romântico dos anos oitenta feito para chorar: A ESCOLHA DE
SOFIA, A FORÇA DO DESTINO, MARCAS DO DESTINO... entre outros. Os anos noventa
tentou reviver os valores em alguns momentos, a última década também trouxe
seus exemplares chorosos no qual, sem entrar na avaliação de seus valores cinematográficos,
é quase impossível negar: são todos “filmes de mulherzinha”. E tendo um público
direcionado, sabe-se que o filme de Shailene e Ansel, em tela interpretando os
famosos Hazel Grace e Gus do best-seller literário homônimo, tem todo seu ciclo
da narração caminhando por esse terreno choroso. É marcar no relógio: depois da
primeira hora, mesmo sendo você o mais durão de todos, vai ficar sensibilizado
com a história. Se for chorão, nem adianta tentar segurar as lágrimas que elas
vão chegar. E, para quem aprecia no Cinema essa sua capacidade de nos colocar
em contato com sensações que nem sempre esbarramos no dia-a-dia, o filme é um gracioso
deleite.
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