sexta-feira, 13 de dezembro de 2013


Há uns meses atrás, quando comentei sobre DENTRO DA CASA, filme de 2012 do francês François Ozon que estreou no Brasil no primeiro semestre, fiz uma breve abertura a respeito da velocidade com que o cineasta produz novas obras e versatilidade de fazer bons filmes em diversos gêneros. Pois eis que JOVEM E BELA, o filme de 2013 (que inclusive fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes deste ano), aporta nos cinemas brasileiros neste fim-de-ano (se você correr aos cinemas, é bem capaz de encontrá-lo ainda) e mais (bem mais) que essa sensação de se deparar com um workaholic por detrás das telas, fica uma grande certeza: que baita diretor que o Ozon é! Não que precisasse provar qualquer coisa (Os amantes Criminosos, Swimming Pool, 8 Mulheres, Amor em Cinco Tempos e O Tempo Que Resta estão aí para dizer isso), mas JOVEM E BELA é um assombro de filme, e filmado com uma suavidade ímpar e sem necessidade de arrojos narrativos que chega a impressionar – jamais negarei que mexer na condução linear de uma narrativa é um dos artifícios mais lindos que um cineasta pode fazer (abusando dos elementos visuais de composição dela, fica ainda melhor). Mas Ozon não precisa. Ele tem Marine Vacth como protagonista e, sabiamente, deposita em seus ombros o olhar de uma trama que só mesmo os europeus (especialmente os de Paris e arredores) tem culhões para filmar: uma adolescente de dezessete anos, de classe média alta e vida ajustada, sem qualquer traço de paixão pelos garotos de sua idade que decide... se prostituir. Sem objetivos financeiros, sem motivos imediatos. A belíssima Isabelle, quase ao acaso, decide transgredir as regras da moralidade social e embarca num processo às escuras, que obviamente vai explodir e emplodir sua família junto. Ozon é perspicaz e explora a sensualidade dos personagens (não só de sua protagonista) e situações ao máximo, sugestionando acontecimentos que deixam o espectador com todos os questionamentos possíveis que elevam o potencial crítico da trama. E sendo repetitivo: impressiona o quanto Ozon explora sua Isabelle, que sai do olhar angelical e juvenil como a adolescente de ensino médio para projetar-se em salto alto e saia colada nos quadris sobre as calçadas das ruas parisienses, adentrando solenemente pelos halls dos hotéis mais nobres da cidade, indo ao encontro dos mais diferentes homens, nos muitos quartos a sua espera. 
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Para ver: JOVEM E BELA (Jeune e Jolie, 2013, de François Ozon). Com Marine Vacth, Géraldine Pailhas, Frédéric Pierrot.
Cotação:

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JOVEM E BELA está em cartaz no Cine Jardins. Confira os horários.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013


Com SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2, o diretor James Wan dá um tiro no próprio pé: o maior trunfo e ousadia também origina o maior ponto frágil de sua obra. Com o roteiro da Leigh Whannell, também responsável pelo primeiro filme, Wan retoma com vigor os acontecimentos do filme original – esta continuação começa exatamente do ponto onde o anterior terminou -, conseguindo não só dar uma continuidade interessante e sustentável aos eventos anteriores como entrelaça-los à história atual, o que é sempre muito interessante para uma “parte 2”. O problema fica por conta do excesso de explicações para uma trama que busca uma ‘falsa complexidade’ (múltiplas cenários - casas e quartos mal-assombrados -, e a busca por respostas que sempre leva a outras perguntas e a outros lugares e a outros personagens) e se perde em não concluir de modo eficiente algumas respostas cruciais para situações que ela mesma cria (há uma espécie de contato entre alguns personagens do plano espiritual com eles mesmos em um plano real que não segue a cronologia e temporalidade das coisas como elas são ou, pelo menos, deveriam ser). Eliminando os excessos (o alívio cômico que o diretor busca com a inserção de alguns personagens, com os diálogos e situações insignificantes que rendem planos e sequências inteiras que comprometem o ritmo do filme), sobra ao espectador a literalidade das ações: quem embarca na dualidade entre suspense e surpresa que o diretor apresenta, vai se deparar com muitos elementos aterrorizantes para um grande filme do gênero. Para cada fantasma que sai de dentro do armário durante a noite ou aparece no espelho, há um impressionante clima de cena que induz ao terror, com Wan apostando forte no susto que vem da visualidade das ações e menos na subjetividade de “arrepiar os cabelos”.
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Para ver: SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2 (Insidious: Chapter 2, 2013, de James Wan). Com Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey.
Cotação:
   

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SOBRENATURAL: CAPÍTULO 2 está em cartaz nos cinemas da Grande Vitória.