sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015


A primeira imagem de Eddie Redmayne no papel de Elbe, protagonista de THE DANISH GIRL, direção de Tom Hooper. Outro cheiro de Oscar no ar?

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015


Qualquer um dos quatro filmes da filmografia do mexicano Alejandro González Iñárritu, que se iniciou no ano de 2000 com o excelente AMORES BRUTOS, refletem o modus operandi de fazer cinema do diretor. Goste-se ou não, seu trabalho sobrevive de um cinema arrojado que tem na mão pesada sobre a direção o principal modelo de construção da narrativa, quase sempre cíclica e distante do tradicional eixo linear - quem se lembra do fabuloso quebra-cabeça narrativo de 21 GRAMAS?e apoiado em uma sequência de eventos que são consequência de um estrondo de violência física que desarranja os personagens.

Iñárritu repete em seu filme mais recente, BIRDMAN (OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), que entrou no Oscar 2015 com nove indicações e saiu de lá gloriado com quatro (melhor filme, diretor, roteiro original e fotografia) o arrojo na construção da cinematografia. Mas é curioso que para amadurecer ainda mais em sua proposta, ele abandone um de seus mais fortes preceitos (a narrativa fragmentada) e desloque o momento mais violento do filme (que deixa de criar caminhos para a trama para passar a ser um ponto de explicação para ela), para fixar a discussão em um profundo nível psicológico, quase onírico. A história é centrada no personagem de Riggan Thomson (interpretado por Michael Keaton), um ator de cinema dono de um único mega sucesso na carreira (o super-herói Birdman), que tenta resgatar a vida profissional com a montagem de uma peça de teatro em Nova York e se depara com uma série de problemas ao seu redor (a perseguição de uma crítica de cinema, a chegada de um novo ator-problema no elenco, a possível gravidez não planejada de sua namorada e uma filha-problema). 

Filmado em um forjado plano-sequência único, a câmera de Iñárritu passeia pelo espaço e o domina nos mais diversos enquadramentos possíveis (um trabalho esplendoroso feito em conjunto com o diretor de fotografia, Emmanuel Lubezki), artifício que funciona como uma "perseguição" ao protagonista, jogando-o em um crescente processo de ruína psicológica - representado pela presença cada vez mais constante do super-herói Birdman em sua mente (não será difícil lembrar de CISNE NEGRO e da trajetória da bailarina Nina durante a exibição do filme). E por ser o perfil psicológico do ator e sua busca pela fama perdida o aspecto que mais circunstancia toda a discussão do filme, o espectador é convidado a entrar nesse caminho ascendente junto ao protagonista - não estranhe o início lento e aparentemente ilógico da trama: faz parte do delicioso e explosivo terço final que justifica todas as escolhas de Iñárritu.

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Para ver: BIRDMAN (OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA) (Birdman, Or the Unexpected Virtue of Ignorance, 2014, de Alejandro Gonzáles Iñárritu). Com Michael Keaton, Emma Stone, Zach Galifianakis, Naomi Watts, Edwart Norton, Amy Ryan). 
Cotação:

26 DE FEVEREIRO
ESTREIAS DA SEMANA

A HISTÓRIA DA ETERNIDADE
O DUPLO
SR. KAPLAN
SEM DIREITO A RESGATE
BEM PERTO DE BUENOS AIRES
SUPER PAI
TINKER BELL E O MONSTRO DA TERRA DO NUNCA
VAI-VAI - 80 ANOS NAS RUAS


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ANTES DE DORMIR (Before I Go To Sleep, 2014, de Rowan Joffe). Segundo filme do diretor Rowan Joffe, filho de Roland Joffé, duas vezes indicado ao Oscar nos anos oitenta. Um suspense dramático que lembra as estruturas do mestre Hitchcock - suspense e surpresa e uma loura platinada desmemoriada como personagem central (Nicole Kidman, bastante confortável no papel). Quanto menos se souber da trama, melhor. Até por que a 'reviravolta' do fim soa bastante previsível. De qualquer modo, o diretor sabe construir os meandros da personagem que todos os dias, ao acordar, não se lembra dos eventos dos últimos dez anos de sua vida. Colin Firth interpreta o marido que tem a árdua tarefa de sustentar a difícil vida da esposa. Com o uso da tecnologia (uma câmera que onde grava vídeos diários sobre suas 'descobertas e permite 'retomar' o pensamento de onde parou no dia anterior) a personagem irá descobrir o que aconteceu no dia em que sofreu o acidente que a levou Pa perda de memória recente. Passatempo bastante razoável, com uma fotografia bonita e uma duração motivadora: uma hora e meia.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015



Acabou outra cerimônia do Oscar, o 87º da história do cinema norte-americano. Sob o ponto de vista da diversão, faltou piada: Neil Patrick Harris, o anfitrião, perdeu feio na comparação com Ellen DeGeneres, que no ano anterior massacrou o público com sua sensacional apresentação. Sob o ponto de vista da arte, faltou coragem: BOYHOOD, um projeto incrivelmente mais conceitual e conceituado, acabou preterido por BIRDMAN, que mesmo com seus valores, como o apresentador da noite, perde muito na comparação. O ineditismo do filme de Richard Linklater (também preterido por Alejandro González Iñárritu na categoria de direção) possivelmente o dará presença nas listas dos mais célebres filmes a serem lembrados ao longo da história - e que a Academia americana mais uma vez deixou de assinar embaixo. Mas o que é a história senão um amontoado de registros tortuosos (e tortuosos para quem?). Em números, ficará anotado que o filme do diretor mexicano e O GRANDE HOTEL BUDAPESTE saíram gloriados com 4 prêmios cada um.

Paciência. O melhor de tudo isso é mesmo o escapismo barato que deixa qualquer cinéfilo no afã de outro turbilhão de filmes, imagens, sons, celebridades e tudo o mais que compõe uma festa de algo que tanto se preze. 2016 já está logo aí com os novos filmes de Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Terrence Malick, Todd Haynes e até mesmo Orson Welles na disputa! 

O Spoiler Movies já compilou o burburinho para o próximo ano aqui e a gente continua acompanhando tudinho até a próxima edição!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Oscar night, baby! A Festa de 2014 chega em clima acirradíssimo: Boyhood e Birdman se digladiando para ficar com os dois prêmios principais e mais um monte de categoria-chave ainda em aberto (ator? edição? trilha sonora? roteiro adaptado? montagem?). De cédula na mão para acompanhar os vencedores, montei meus palpite lá no site oficial do prêmio. São esses:


FilmeBirdman
DiretorRichard Linklater, de Boyhood
AtorEddie Redmayne, de A Teoria de Tudo
AtrizJulianne Moore, de Still Alice
Ator CoadjuvanteJ K Simmons, de Whiplash
Atriz CoadjuvantePatricia Arquette, de Boyhood
Roteiro OriginalO Grande Hotel Budapeste
Roteiro AdaptadoWhiplash
AnimaçãoComo Treinar Seu Dragão 2
Filme EstrangeiroIda
DocumentárioCitizenFour
Direção de ArteO Grande Hotel Budapeste
FotografiaBirdman
FigurinosO Grande Hotel Budapeste
MontagemBoyhood
MaquiagemO Grande Hotel Budapeste
Trilha SonoraA Teoria de Tudo
CançãoGlory, de Selma
Edição de SomAmerican Sniper
SomAmerican Sniper
Efeitos VisuaisInterestelar
Curta-Metragem AnimaçãoFeast
Curta-Metragem DocumentárioJoanna
Curta-Metragem FicçãoThe Phone Call


sábado, 21 de fevereiro de 2015


Kristen Stewart GANHOU o prêmio de melhor atriz coadjuvante no César Awards 2015 por ACIMA DAS NUVENS e se tornou a primeira atriz americana a vencer o maior prêmio de cinema da França.

Meus preferidos da lista da Academia para a categoria de
Melhor Filme no Oscar 2015
BOYHOOD ~ O GRANDE HOTEL BUDAPESTE ~ BIRDMAN ~ WHIPLASH ~ SNIPER AMERICANO O JOGO DA IMITAÇÃOA TEORIA DE TUDO

(não visto: SELMA)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

12 DE FEVEREIRO
ESTREIAS DA SEMANA

50 TONS DE CINZA
A CASA DOS MORTOS
ANNIE
BELLE E SEBASTIAN
O IMPERADOR
NICK CAVE - 20.000 DIAS NA TERRA

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

LIVRE (Wild, 2014, de Jean-Marc Vallée)Impossível assistir ao novo filme do diretor Jean-Marc Vallée sem lembrar de NA NATUREZA SELVAGEM, um poderosíssimo drama dirigido por Sean Penn em 2007: as histórias são muito parecidas e o filme de Vallée perde bastante na comparação. Dessa vez, a protagonista é Cheryl, uma mulher que, recuperando-se de acontecimentos ruins e decisivos em sua vida, decide tirar uns dias de reflexão e percorrer uma trilha selvagem no interior dos Estados Unidos. O papel rendeu a atriz Reese Whiterspoon uma indicação ao Oscar (a atriz Laura Dern, que vive a mãe da personagem, também foi lembrada na categoria de coadjuvante), mas perto do que o personagem de Emile Hirsch passou, a protagonista parece estar em um parque de diversões. Bastante precavida, ela carrega tudo o que pode nas costas (uma barraca, panelas, fogareiro, casaco de neve). Cheryl não parece tão intencionada em tirar uma folga da vida tumultuada e a narrativa, seja nos flashbacks ou no tempo atual, é cheio de justificativas para endossar a mulher que não consegue abandonar a vida que deixou pra trás. Se há um acerto grandioso, ele está nas ótimas inserções de famosas canções que compõem a trilha sonora: tocadas em um volume baixo, como fundo de sequências específicas, funcionam como representação aos pensamentos da personagem, daqueles que a gente tem e rumina por muito tempo, sem nunca chegar a dizer a ninguém.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015



Antes mesmo das sessões de pré-estreias, INVENCÍVEL já enfrentava a dura batalha de superar o rótulo de ser um best-seller que "virou um brinquedo" nas mãos de uma superestrela de Hollywood, com Angelina Jolie abandonando a linha de frente dos sets de gravação para assumir pela segunda vez a direção de um longa-metragem de ficção. Ao estrear, em um assombroso movimento que o empurrava para o topo da temporada de premiações dos filmes norte-americanos, particularmente ao Oscar, acabou facilmente esnobado pelos críticos. Estava decretado que a estrela Angelina Jolie não tinha dado brechas para que a diretora Angelina Jolie pudesse fazer seu terceiro filme.

Mas não é bem assim.  A história do ítalo-americano Louie Zamperini, um atleta olímpico dos Estados Unidos que se tornou combatente na Segunda Guerra Mundial e ficou perdido em alto-mar por quase dois meses até ser capturado pelas tropas japonesas, está muito longe de fazer feio, mesmo passando por altos e baixos durante as 2h17 minutos de duração. O maior problema é da narrativa na qual a diretora defende, cujo primeiro terço se prende a flashbacks deslocados que aparentemente tentam conduzir a imagem do protagonista rumo à perfeita personificação do ser sobre-humano, quase estoico, que ele se torna quando em campos japoneses. Mas ignorando as escolhas que tentam blindar Louie, Jolie consegue ser bastante virtuosa na construção de algumas sequencias que dão ao espectador o tom daquilo que se espera de um drama de guerra, como duas cenas de vôos incrivelmente tensas, especialmente a primeira, que por se tratar da sequência de abertura do filme, consegue colocar o espectador a favor do filme que está assistindo desde os primeiros instantes. Pode não trazer nada de novo, mas arrisca para fugir da apatia e vale o preço desembolsado pelo ingresso no cinema - que sim, somado à beleza da fotografia e da trilha sonora, é motivo para assistir a INVENCÍVEL em uma sala de cinema. 

Angelina Jolie cancelou entrevistas, não pisou no tapete vermelho do Globo de Ouro e talvez prestigie o Oscar, quando seu filme estará disputando as estatuetas de Fotografia, Edição de Som e Efeitos Sonoros. Mas mesmo na contramão da crítica, a estrela não parece querer abandonar seu novo posto: BY THE SEA, um romance filmado na França em que ela mesma contracena com seu marido, Brad Pitt, estreia no fim do ano. Já AFRICA, uma nova produção com a cara do Oscar - com roteiro do laureado Eric Roth e uma pegada social, bem aos moldes da vida pública da artista - está previsto para 2016.


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Para ver: INVENCÍVEL (Unbroken, 2014, de Angelina Jolie). Com Jack O'Connell, Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund, Takamasa Ishihara, Finn Wittrock, Jai Courtney. 
Cotação:

05 DE FEVEREIRO
ESTREIAS DA SEMANA

O JOGO DA IMITAÇÃO
SELMA - UMA LUTA PELA IGUALDADE
DOIS DIAS, UMA NOITE
O DESTINO DE JÚPITER
CORAÇÕES DE FERRO
BOB ESPONJA - UM HERÓI FORA D'ÁGUA


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Um dos três maiores Festivais de Cinema do mundo, Berlim começa suas apresentações nesta semana: passarão por lá os novos filmes dos diretores: Andrey Zaytsev, Kenneth Branagh, Pablo Larraín, Peter Greenaway, Oliver Hirschbiegel, Wim Wenders, Terrence Malick, Isabel Coixet, Jafar Pahani, entre outros. O Brasil vai estar representado com as exibições de AUSÊNCIA, de Chico Teixeira; JIA ZHANG-KE, UM HOMEM DE FENYANG, documentário de Walter Salles; BEIRA-MAR, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon; SANGUE AZUL, de Lírio Ferreira; e QUE HORAS ELA VOLTA?, de Anna Muylaerte, que acabou de ser premiado em Sundance.

A programação completa está disponível no site oficial do Festival.